terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lágrima de Preta











Encontrei uma preta

que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterlizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.


Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.


Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio,
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio


Máquina de Fogo (1961)

Enganos por não querer,
por não ver
por não falar
por não ouvir

Falsificado está
aquilo que vejo
que falo
que oiço
que queria um dia querer


by: Araujo

Brincarldeiras